OFICINAS RE/CRIATIVAS DE ARTE-CIDADANIA
Enquadramento inicialDesde 2019 que se tornou, de forma ainda mais evidente do que já era, o que sempre soubemos: as Artes (e incluímos, obviamente, a Literatura) são um poderosíssimo antídoto contra o isolamento e a solidão, contra a perplexidade da guerra e da violência, contra o medo e a apatia.
Seja qual for o contexto - adverso ou auspicioso-, o facto é que a criatividade é, e será sempre, uma aptidão e uma fecunda faculdade humana de reação, de resiliência e de resposta a qualquer crise ou período de crescimento que afete o ser humano. É a criatividade que permite a cada um descobrir o seu «elemento» (Ken Robinson) e ir traçando a sua própria linha de vida (UNESCO), o seu modo de habitar no mundo. A criatividade deve por isso ser abertamente promovida e desenvolvida desde a mais precoce idade, sendo essencial criar espaços e contextos lúdico-pedagógicos que a despertem, a desafiem, a instiguem e enriqueçam, para que todos (e cada um) tenham a possibilidade de desenvolver a sua curiosidade natural, a sua imaginação, a sua capacidade de saber ver, ouvir e expressar(-se) de forma informada e livre. Para que cada um se (re)conheça e encontre consigo mesmo, em diálogo com o mundo e com toda a comunidade humana de que é parte integrante. Neste «agora», que terá sempre outros contextos concretos, percebemos que é na Arte que encontramos linhas de fuga que nos libertam de qualquer confinamento – seja literal ou metafórico. Pensar com Artes fortalece as nossas capacidades de diálogo, ensina-nos a reagir ao inesperado e a encontrar novos caminhos e soluções. O Confi-Arte nasceu em 2019, num período que nos exigiu resiliência, reação e confiança. Entre 2021-2022, deu início à construção do seu próprio caminho, fortalecido pela consciência de que vivemos num mundo imprevisível e que só uma educação pluralista, fundada no espírito de partilha e de colaboração, nos prepara para lidar com o mais inesperado e inconcebível. Sendo sua também a missão de fazer parte do movimento que age em prol do (re)conhecimento da importância e do valor das artes e dos artistas – tanto para a vida individual, como nas relações comunitárias e globais –, demos início, em 2021, a um ciclo de oficinas, de cariz dialógico e participativo, fundado em metodologias de formação-ação, concatenadoras de saberes, de estratégias e de experiências artísticas e pedagógicas, que visam promover – através de práticas assentes na partilha e no «saber-fazer» − uma maior consciencialização dos diversos fenómenos (sociais, ambientais, culturais e emocionais) que afetam os indivíduos e as sociedades do século XXI. |
As oficinas Confi-Arte efetivam uma proposta educativa de cruzamento disciplinar, que opera sob metodologias de formação-ação, em formato de oficinas baseadas num corpus de investigação pluridisciplinar recente e nos documentos de referência das áreas da Cidadania, da Educação Artística e dos Estudos Intermediais.
Professores, mediadores educativos e culturais, e todos aqueles que fazem da Educação a sua missão são os principais motores deste projeto. As ações Confi-Arte propõem metodologias que apostam numa educação mais desafiadora, participativa e interativa, de cariz pluridisciplinar, promotora da criatividade, do espírito colaborativo, da intervenção individual e comunitária, como base estruturante do caminho que leva à mudança de paradigmas ultrapassados e à confiança num mundo melhor. Etapas de formação–ação
Sob o lema: «Somos agentes de mudança!», as oficinas Confi-Arte desdobram-se em três ações, sequenciais, mas interconectadas:
▸ oficinas dialógicas: de caráter (in)formativo; visam a partilha de conhecimento, a apresentação e discussão de ferramentas e estratégias pedagógicas e a troca de experiências, com vista a valorizar e a promover a criatividade e o espírito de iniciativa, propondo técnicas, instrumentos e materiais de expressão artística e apresentando exemplos de boas práticas internacionais (no campo da Educação Artística e Literária, em conexão com o âmbito da Educação para os Valores de Cidadania Global); ▸ oficinas (re)criativas: trabalho de cariz exploratório e operativo, que atua no cruzamento de diferentes linguagens artísticas e num contexto de comunidades colaborativas, orientadas por uma reflexão sobre diferentes questões de Cidadania Global. A diretriz formativa visa a experimentação, a pesquisa, a apropriação e a re-criação de saberes, meios, instrumentos e materiais que conduzem ao fortalecimento de uma visão própria, no seio do coletivo, sobre as temáticas em discussão; ▸ oficinas digitais: propõem uma reflexão sobre os benefícios das novas tecnologias como veículos de criação e de disseminação de conhecimento e informação. Visam o desenvolvimento da literacia visual (e de comunicação imagética) através de exemplos de boas práticas e outros elementos de referência no campo do design de comunicação. Exploram as vantagens da partilha e da criação de comunidades interatuantes, mais vastas e integradoras. |
/ literacia visual
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Metodologia
O foco das oficinas estará sempre no fator motivacional e integrador do público a quem se destinam.
Serão divididas por áreas artísticas − artes (audio) visuais, literárias e design − que têm como objetivo «fomentar, preservar, valorizar e promover as respetivas culturas, nas suas diversas manifestações». A opção pelas artes (audio)visuais, literárias e design, como áreas de qualificação e intervenção nucleares, justifica-se pelo facto de ser objetivo maior do Confi-Arte incrementar e desenvolver uma literacia verbal e visual abrangente e pluridisciplinar, potenciadora de uma maior consciência cultural e de uma maior capacidade de participação e intervenção cívica, crítica e criativa, promovida no cruzamento reflexivo entre Artes e Cidadania. Dando a conhecer o trabalho de diversos artistas e agentes culturais e as formas como materializam respostas às questões ou inquietações que os solicitam, estas ações cumprem o triplo propósito de promover e valorizar a Arte na Vida, de promover a leitura e a auto-expressão e de cativar os participantes, implicando-os na sua própria aprendizagem, presente e futura. Os artistas e professores convidados para ministrar estas ações farão sempre uso dos meios digitais ou eletrónicos, seja em regime presencial, seja em regime online, na eventual necessidade de recorrer a ações virtuais ou mistas. As oficinas Confi-Arte visam pôr as crianças, jovens e adultos em contacto com a sua própria criatividade pelas e através das Artes. Funcionam como espaço para a aprendizagens exploratórias, para a pesquisa, para a reflexão-ação, para as experiências com materiais heterogéneos, para a exploração de técnicas e linguagens apreendidas em contexto de formação-ação. Nestas sessões, cada interveniente aplica saberes adquiridos, selecionando a(s) linguagen(s) − visuais, verbais, mistas − que darão corpo à sua proposta final. O suporte ou a «tela» das heterogéneas intervenções artísticas deverá sempre ter em conta a resistência do material (cartão, cartolina, tecido, etc.). Esta necessidade visa garantir a exequibilidade da etapa final do projeto − a realização de uma exposição coletiva dos trabalhos realizados, em espaço público, que funcionará em regime de itinerância por todo o país. Estas exposições acompanharão sempre as novas ações que irão sendo calendarizadas ao longo do período de duração do projeto. Antes da montagem de cada exposição, todos os participantes são convidados a colaborar no processo da sua divulgação, aprendendo, nessas últimas sessões (oficinas digitais) como se dissemina um projeto colaborativo e os seus resultados: desde a criação de cartazes e desdobráveis até à abertura de redes de comunicação digital (site, blog, etc.), ferramentas essenciais à transmissão de conhecimento e à criação de novos públicos. * O âmbito de intervenção-investigação do projeto está contemplado no campo dos objetivos Portugal 2020: «Reforço do investimento na educação e formação», em alinhamento com a prioridade «Crescimento Inclusivo», do quadro de referência da estratégia Europa 2020. Domínio Temático: OT 10 ‐ «Investir na educação, na formação e na formação profissional para a aquisição de competências e a aprendizagem ao longo da vida». |
O projecto Confi-Arte – Linhas de Cruzamento Artístico é financiado pela Dgartes, 2020
(Apoio a Projectos - Programação e Desenvolvimento de Públicos, submetido a 02 de Julho de 2020), com o número de candidatura 11262. Este projeto resulta de uma parceria entre a Nova FCSH e a Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa. |